A sabedoria e seus filhos

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Corujas

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Sujeição I

Sujeição - Michel de Foucault


Segundo Michel de Foucault o advento da modernidade imprimiu na sociedade um caráter de supervalorização da questão corporal. Essa ênfase corporal deve ser compreendida em dois sentidos: o anatômico ou metafísico e o da técnica e da política.

Do ponto de vista funcional, falar de sentido anatômico ou metafísico significa falar de uma função moral, portanto de atitude, hábitos e modos de ação. Por outro lado, falar de técnica e política é o mesmo que falar do modo como preparar, tornar apto o homem para a vida social.

Em acordo com Foucault o corpo anatômico pregado pela modernidade corresponde na sociedade à função médica, filosófica e a todos os profissionais que tratam de pensar e elaborar teorias especificamente físicas de análise de comportamentos prontos e praticados na sociedade atual. Contudo, a função técnica ou política, corresponde às instituições diversas, como militarismo, Igrejas, Estado, hospitais etc. Instituições chamadas reguladoras, pois regulam, colocam regras sobre as pessoas no período de sua formação.

Esta análise inicial de Foucault tem por objetivo último perceber como as pesquisas de comportamento ou ainda, como as instituições diversas influenciam direta ou indiretamente no modo de ação dos grupos sociais da modernidade. Segundo ele, esses dois sentidos do corpo na modernidade são praticados com a intenção de evitar comportamentos indevidos, anunciados como um ideal social e moral, exemplos disso são os modos como nessas instituições são tratadas as crianças em sua relação com seus órgãos genitais, numa postura geralmente de proibição ou inibição; outro exemplo e a educação militar que em muitos casos combate a preguiça de seus agentes ou ainda, lhes cobra perfeição; os reformatórios se constituem o terceiro exemplo, com a intenção clara de acalmar e estabilizar um comportamento considerado, na maioria das vezes, como inadequado para a vida em sociedade.

A conclusão de Michel de Foulcaut encontra-se na direção de descobrir que, o que se faz com o corpo, se faz também com a subjetividade, com o ser interior da pessoa. Assim, a modernidade iniciando no corpo aprendeu a moldar as pessoas por completo, não apenas por teorias, mas, sobretudo, por meio da técnica.

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